terça-feira, 12 de outubro de 2010

MISERICÓRDIA QUERO E NÃO HOLOCAUSTOS: O EVANGELHO COMO CULTURA SUPREMA


Estava outro dia conversando com uma amiga quando, dentre vários assuntos, ela citou o polêmico caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, acusada de adultério e cogitada à pena de morte por apedrejamento. Fiquei estarrecido quando minha notória amiga simplesmente afirmou que o governo brasileiro não deveria ter oferecido asilo à iraniana, por respeito à “cultura iraniana”, já que nesse “contexto cultural” a prática do apedrejamento é algo “comum”, “normal”.

Entendo como seguidor de Jesus que qualquer “cultura”, seja ela religiosa (incluindo qualquer “cultura cristã”), pagã, agnóstica ou ateísta não pode ser vista por um genuíno cristão com um grau de autoridade superior à mensagem do Evangelho. O cristão que não têm o Evangelho como sua cultura suprema (que é bem diferente de “cultura religiosa”, comum no ocidente e no oriente) precisa urgentemente rever seus conceitos e valores. E qual é a mensagem da cultura do Evangelho? Nada mais é do que a prática da misericórdia, da compaixão, do amor ao próximo (Marcos 12:30-31), pois quem ama ao próximo ama à Deus (1 João 4:7-21) e quem ama cobre multidão de pecados! (1 Pedro 4:8)

Infelizmente o que vejo ser imperioso entre as religiões é o conceito do sacrifício, da desumanização em prol da “oferta”, do holocausto; ou seja, perde-se a Graça e novamente o homem condena a si mesmo a ser “salvo por obras”, ainda que essas obras incluam o sacrifício literal de vidas, como fazem os aiatolás iranianos, ao invés do genuíno sacrifício do coração, segundo o chamado de Deus. Isso não ocorre somente na religião islâmica, ou com os sacrifícios de bodes e outros animais no espiritismo umbandista, mas está arraigado também na mentalidade da maioria dos credos ditos “cristãos”, os quais dizem seguir Cristo, mas não abraçam a profundidade do significado da Graça de Deus, renegando o único e verdadeiro sacrifício, que foi e é a cruz do Senhor! Confessam com a boca que são “salvos pela Fé”, mas se não praticam suas liturgias conforme a “doutrina” correm o risco, segundo suas consciências, de “perderem a salvação”.

Estamos passando do momento de parar-mos de brincar de “igreja”, de “religião”. É tempo de uma genuína conversão ao Evangelho! Chega dessa imensa manipulação que se faz em nome de Deus, carregada de moralismo e rigor ascético, como diria Paulo e que, no entanto, é um mero disfarce para interesses próprios, usando para isso as “crenças” e a fraca mentalidade das massas, das ovelhas sem pastor. Vejo esse jogo todos os dias! Minha caixa de emails é testemunha! Entretanto esses novos “cruzados” e “defensores da religião” são os que menos conhecem o Evangelho da misericórdia; se os xiitas islâmicos apedrejam corpos, nossos xiitas esbravejam pedras inflamadas a quem quer que se oponha ao seu fundamentalismo raivoso. Aliás, a massa religiosa brasileira está mais parecida com um híbrido de Bin Laden, George Bush e Homer Simpson do que com aquele olhar que o Senhor Jesus sempre teve para com todos.

Desejo sinceramente que quem leia essa mensagem possa abraçar com Fé e liberdade a Graça de Deus em sua vida, que é o único lugar de descanso para almas tão pecadoras como as nossas. Mas desejo também que esses mesmos leitores possam lançar, sobre o seu próximo, um olhar de misericórdia ante as fraquezas que são comuns a qualquer ser humano. Quem assim não age em relação a si e ao próximo ainda não entendeu o que seja caminhar dia-a-dia na suprema cultura do Senhor.

Deus nos abençoe!

Um forte abraço,

Cesário C N Pinto.

Itapajé - Ce, 18 de Setembro de 2010.

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